A escoliose é uma condição caracterizada pela curvatura lateral da coluna vertebral. Essa deformidade pode ocorrer em diferentes estágios da vida e, se não tratada adequadamente, pode causar, além de repercussão estética, prejuízo da função respiratória, dores crônicas e limitações nos movimentos. No Brasil, estima-se que cerca de 2% a 3% da população seja afetada pela escoliose, com maior prevalência em adolescentes, especialmente do sexo feminino.
O que é Escoliose?
A escoliose é uma curvatura anormal da coluna vertebral, formando um desvio lateral em “S” ou “C”. Essa curvatura pode ocorrer em diferentes regiões da coluna, como torácica, lombar ou em ambas, afetando a simetria corporal. Dependendo da gravidade, a escoliose pode causar desconforto, dor nas costas e até dificuldades respiratórias. O diagnóstico precoce e o tratamento adequado, que pode incluir fisioterapia, uso de coletes ortopédicos ou cirurgia, são fundamentais para evitar a progressão da doença.
Tipos de Escoliose
Foto: https://neurosurgery.weillcornell.org/condition/adolescent-idiopathic-scoliosis
A escoliose é classificada em diferentes tipos, dependendo da causa e do momento em que a curvatura se desenvolve. A seguir estão os principais tipos de escoliose:
👉 Escoliose Idiopática: Este é o tipo mais comum de escoliose, representando cerca de 80% dos casos. A causa exata é desconhecida, o que significa que não está associada a outras doenças ou condições. A escoliose idiopática geralmente surge durante a fase de crescimento acelerado na adolescência, entre os 10 e 18 anos, e afeta mais as meninas. Sem tratamento adequado, pode progredir com o tempo.
👉 Escoliose Congênita: Esse tipo de escoliose ocorre devido a malformações na coluna vertebral que se desenvolvem antes do nascimento, durante o desenvolvimento fetal. É uma condição rara e costuma ser detectada em bebês ou crianças pequenas. A gravidade varia, dependendo de como a coluna vertebral foi afetada, e pode exigir intervenção cirúrgica precoce para evitar complicações mais graves.
👉 Escoliose Neuromuscular: Esse tipo de escoliose está relacionado a condições que afetam os músculos e nervos, como paralisia cerebral, distrofia muscular, espinha bífida ou lesões medulares. Devido ao comprometimento muscular, com contratura patológica assimétrica da musculatura paravertebral, a coluna acaba sofrendo desvio. A escoliose neuromuscular tende a progredir rapidamente e frequentemente requer cirurgia para correção.
👉 Escoliose Degenerativa: Comum em adultos, especialmente em pessoas mais velhas, a escoliose degenerativa é causada pelo desgaste natural dos discos intervertebrais, das articulações da coluna, e perda da massa muscular relacionada a coluna vertebral. Esse processo de degeneração pode resultar em uma curvatura lateral da coluna, acompanhada de dores e limitações nos movimentos. Fatores como a osteoartrite e a osteoporose podem acelerar esse processo.
👉 Escoliose Funcional: Diferente dos outros tipos, a escoliose funcional não é causada por uma deformidade estrutural da coluna. Em vez disso, ela ocorre como resultado de problemas externos, como diferença no comprimento das pernas, espasmos musculares ou inflamações. Nesse caso, a coluna em si é normal, e corrigir a causa subjacente geralmente resolve a curvatura.
No Brasil, uma pesquisa do Ministério da Saúde apontou que as doenças musculoesqueléticas, incluindo escoliose, estão entre as principais causas de incapacidade física na população adulta, afetando a qualidade de vida e a mobilidade de muitos indivíduos. O acompanhamento médico regular e o tratamento adequado são fundamentais para prevenir a progressão e minimizar os impactos da escoliose.
Sintomas da Escoliose
Os sintomas podem variar de acordo com o grau de curvatura da coluna e a fase de progressão da condição. Em casos leves, os sinais podem ser sutis, mas em casos mais graves, a deformidade e o desconforto são mais evidentes. Abaixo estão os principais sintomas:
1️⃣ Desníveis nos ombros ou quadris: Um dos sinais mais comuns é a diferença de altura entre os ombros ou quadris, criando uma assimetria visível.
2️⃣ Curvatura visível da coluna: Em muitos casos, a curvatura da coluna é perceptível a olho nu, formando um “S” ou “C” nas costas, especialmente ao inclinar o corpo para frente.
Foto: https://coreposturechiropractic.com/scolibrace-revolutionary-scoliosis-treatment-to-correct-scoliosis-permanently/
3️⃣ Dores nas costas ou na coluna: Embora a escoliose seja na maioria das vezes indolor em estágios iniciais, dores nas costas, especialmente na região lombar, podem surgir com o tempo devido ao processo degenerativo acelerado que pode estar relacionado a escoliose não tratada em fases mais avançadas..
4️⃣ Assimetria corporal: Costelas podem se tornar mais proeminentes de um lado do corpo, ou a cintura pode parecer desigual. Essa assimetria é um sinal claro de escoliose avançada.
5️⃣ Dificuldade para respirar: Em casos mais graves, quando a curvatura afeta a caixa torácica, a função pulmonar pode ser comprometida, causando dificuldades respiratórias.
6️⃣ Cansaço ao caminhar ou ficar em pé por longos períodos: A escoliose pode causar fadiga, já que a musculatura das costas precisa se esforçar mais para manter o corpo alinhado.
7️⃣ Rigidez ou limitação de movimentos: A curvatura anormal pode limitar a amplitude de movimentos, tornando as atividades cotidianas mais difíceis.
No Brasil, estima-se que muitos casos de escoliose idiopática em adolescentes não sejam diagnosticados até que a curvatura seja visível ou cause sintomas mais severos. O Ministério da Saúde reforça a importância de exames preventivos, especialmente durante a fase de crescimento, para detectar precocemente a condição e evitar sua progressão.
Diagnóstico e Tratamento da Escoliose
O diagnóstico e tratamento da escoliose dependem do tipo e da gravidade da curvatura. A identificação precoce é fundamental para garantir o sucesso do tratamento e evitar complicações a longo prazo.
O diagnóstico da escoliose é feito inicialmente por um exame clínico, onde o médico observa possíveis assimetrias corporais, como desníveis nos ombros, quadris ou uma curvatura visível na coluna. Um dos testes mais usados é o “teste de flexão para frente”, em que o paciente se inclina para frente e o especialista verifica a presença de deformidades.
Para confirmar o diagnóstico e avaliar a gravidade da curvatura, exames de imagem, como o raio-X da coluna, são fundamentais. Através desses exames, o médico pode medir o ângulo da curvatura, conhecido como ângulo de Cobb, que ajuda a quantificar a deformidade, e determinar o tratamento adequado.
O Raio-x da bacia também pode ser necessário nos casos de escoliose idiopática do adolescente para se verificar o estágio de maturidade óssea através do sinal de Risser, que avalia a calcificação em torno da crista ilíaca, e auxiliar na decisão terapêutica.
O tratamento varia conforme a gravidade da curvatura, o tipo de escoliose e o estágio de desenvolvimento do paciente. Existem abordagens conservadoras e cirúrgicas:
Tratamentos Conservadores
Fisioterapia: A fisioterapia é uma opção importante para melhorar a postura, fortalecer a musculatura ao redor da coluna e reduzir dores. Técnicas como a Reeducação Postural Global (RPG), e o método Schroth são comumente utilizadas para reeducação postural.
Foto: https://kiokotherapy.com/schroth-method/
Coletes Ortopédicos: Em casos leves a moderados, em curvaturas de 20 a 40 graus, o uso de coletes pode ser recomendado para crianças e adolescentes em fase de crescimento (definido pelo escore de Risser). O colete ajuda a evitar a progressão da curvatura e molda o crescimento da coluna, amenizando a deformidade, enquanto o esqueleto está em desenvolvimento. Um dos modelos mais utilizados no Brasil é o colete de Milwaukee.
Foto: https://www.ortofor.com.br/produtos/colete-milwaukee/
Cirurgia
A cirurgia é indicada para casos graves, especialmente quando o ângulo de Cobb ultrapassa 40 a 50 graus, ou quando a escoliose causa dor intensa ou interfere em funções essenciais, como a respiração. O procedimento mais comum é a artrodese vertebral para correção de deformidade, que envolve a fusão de vértebras para corrigir e estabilizar a coluna.
Estudos sugerem que até 10% dos pacientes com escoliose idiopática necessitarão de intervenção cirúrgica durante a adolescência para evitar complicações maiores.
A escoliose pode ser gerenciada com sucesso quando diagnosticada e tratada precocemente. Consultar um especialista em coluna é essencial para determinar o melhor plano de tratamento e evitar agravamentos.
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