Dor Discogênica: O Que É, Causas, Sintomas e Tratamentos

A dor discogênica é um tipo específico de dor na coluna resultante da degeneração dos discos intervertebrais, estruturas essenciais que atuam como amortecedores entre as vértebras. Essa condição é uma das principais causas de dores lombares e cervicais, especialmente em adultos com mais de 40 anos. No Brasil, estima-se que cerca de 70% da população adulta já tenha sofrido com algum tipo de dor nas costas, sendo a dor discogênica uma das principais responsáveis por esse problema. A dor discogênica afeta diretamente a qualidade de vida, e reconhecer os sinais precocemente pode ajudar a prevenir o agravamento da condição.

O que é Dor Discogênica?

A dor discogênica é uma condição dolorosa que tem origem nos discos intervertebrais, estruturas localizadas entre as vértebras da coluna. Ela ocorre quando esses discos sofrem desgaste ou lesão, perdendo a capacidade de absorver impactos e permitir a mobilidade da coluna de forma adequada. Os discos intervertebrais são formados por um núcleo gelatinoso no centro e um anel fibroso ao redor, cuja função é proteger a coluna contra choques e facilitar os movimentos.

Com o passar do tempo, o desgaste natural, conhecido como degeneração discal, ou traumas diretos na coluna podem comprometer a função desses discos, resultando em dor. Esse tipo de degeneração pode afetar qualquer parte da coluna, sendo mais comum nas regiões lombar (parte inferior das costas) e cervical (pescoço), áreas que suportam a maior parte do peso corporal e estão constantemente em movimento.

 
 
 
 
 
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No Brasil, a dor nas costas é uma das principais causas de afastamento do trabalho, e a degeneração discal é uma das suas causas mais frequentes. Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) indicam que cerca de 80% da população mundial sofrerá com dores na coluna em algum momento da vida. No Brasil,estima-se que aproximadamente 20 milhões de pessoas convivam com algum tipo de dor na coluna. A dor discogênica é uma das principais causas dessas dores, especialmente em adultos em idade produtiva.

Causas da Dor Discogênica

A principal causa da dor discogênica é o desgaste natural dos discos intervertebrais, que ocorre com o envelhecimento. No entanto, diversos fatores podem acelerar esse processo ou contribuir para o surgimento da condição, entre eles:

👉 Traumas ou lesões: Impactos diretos na coluna, como quedas ou acidentes, podem danificar os discos e acelerar sua degeneração.

👉 Esforço repetitivo: Movimentos repetitivos, como levantar peso de maneira inadequada ou manter posturas incorretas no trabalho, podem provocar microlesões nos discos ao longo do tempo, resultando em desgaste precoce.

👉 Predisposição genética: Algumas pessoas têm maior propensão genética à degeneração discal, o que pode acelerar o surgimento da dor discogênica, mesmo em idades mais jovens.

👉 Má postura: Passar longos períodos em posturas inadequadas, como sentar ou dormir de forma incorreta, aumenta a pressão sobre os discos intervertebrais, contribuindo para o desgaste.

No Brasil, problemas relacionados à coluna, como a dor discogênica, são uma das principais causas de afastamento do trabalho. Segundo o Ministério da Saúde, aproximadamente 27% das pessoas relatam dor nas costas de forma crônica, e muitos desses casos estão relacionados à degeneração discal.

Sintomas da Dor Discogênica

Dor discogênica

Os sintomas podem variar conforme o disco intervertebral afetado e o estágio de degeneração, mas os mais comuns incluem:

👉 Dor localizada: A dor costuma ser sentida nas regiões lombar (parte inferior das costas) ou cervical (pescoço) e pode ser constante ou intermitente, agravando-se com certos movimentos.

👉 Dor irradiada: Em casos mais graves, a dor pode irradiar para outras partes do corpo. Quando a região lombar é afetada, a dor pode se estender para as pernas; já na região cervical, pode irradiar para os ombros e braços.

👉 Rigidez: A rigidez na coluna é outro sintoma comum, especialmente ao acordar ou após longos períodos em uma mesma posição. Isso dificulta a movimentação e pode ser associado a uma sensação de travamento da coluna.

👉 Perda de mobilidade: Movimentos como inclinar-se, girar o corpo ou levantar objetos podem causar dor e limitar a amplitude de movimento, afetando a qualidade de vida e a rotina diária.

De acordo com o Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia (INTO), as dores nas costas são uma das maiores causas de incapacidade laboral no país, o que reforça a importância de diagnosticar e tratar a condição o quanto antes.

Como é Feito o Diagnóstico da Dor Discogênica?

diagnóstico dor discogênica

O diagnóstico da dor discogênica envolve uma combinação de avaliação clínica e exames de imagem. O processo geralmente começa com uma consulta em que o médico, podendo ser um especialista em coluna ou ortopedista, analisa os sintomas relatados pelo paciente, como a localização, a intensidade da dor e a capacidade de movimentação da coluna. Para confirmar o diagnóstico, são solicitados exames de imagem como a ressonância magnética, que é amplamente utilizada por permitir uma visualização detalhada dos discos intervertebrais, identificando sinais de degeneração ou inflamação.

Em alguns casos, a tomografia computadorizada pode ser solicitada para complementar a avaliação, especialmente quando há suspeita de lesões ósseas ou se a ressonância não estiver disponível. Esses exames são fundamentais para determinar o grau de comprometimento dos discos e excluir outras condições que podem causar dor nas costas, como hérnia de disco, espondilite anquilosante ou estenose espinhal, o que é conhecido como diagnóstico diferencial.

Em casos duvidosos e refratários ao tratamento conservador podem ser usadas técnicas de medicina intervencionista da dor como o teste terapêutico com bloqueio peridural. Além deste, a discografia provocativa – procedimento em que se tenta provocar a dor injetando-se líquido no disco sob pressão, e também bloqueio discal – injeção de anestésico intradiscal, podem ser utilizados para melhorar a assertividade do diagnóstico.

Tratamentos Disponíveis para Dor Discogênica

Fisioterapia Dor discogênica

O tratamento da dor discogênica varia de acordo com a gravidade da condição e os sintomas apresentados. Na maioria dos casos, abordagens conservadoras são eficazes para controlar a dor e melhorar a qualidade de vida do paciente. As principais opções de tratamento incluem:

👉 Fisioterapia, atividade física e terapias corpo-mente: Exercícios específicos voltados para o fortalecimento da musculatura da coluna e a correção da postura são fundamentais. A fisioterapia não apenas ajuda a reduzir a dor, como também melhora a mobilidade e previne o agravamento da condição. De acordo com a Sociedade Brasileira de Fisioterapia, o fortalecimento muscular é essencial no tratamento de doenças da coluna, como a dor discogênica. Terapias corpo-mente com Yoga e Meditação são benéficas em casos de dor crônica.

👉 Medicamentos: Em casos de dor aguda, os analgésicos e anti-inflamatórios não esteroides (AINEs) são frequentemente prescritos para reduzir a inflamação e aliviar a dor. Esses medicamentos, no entanto, devem ser usados com cautela e sob orientação médica para evitar efeitos colaterais. Em alguns casos de dor mais intensa podem ser necessário uso racional de opióides para controle da dor.

👉 Infiltrações: Injeções de corticosteróides diretamente na área afetada são indicadas quando há inflamação e dor significativa. As infiltrações podem proporcionar alívio e auxiliar no processo de reabilitação física.

👉 Medicina regenerativa: Em casos refratários, onde os tratamentos conservadores não são eficazes, um novo procedimento vem se destacando como promessa no tratamento minimamente invasivo da dor discogênica, o VIA DISC NP. Trata-se de um aloenxerto (material produzido em laboratório) que promete promover a regeneração da matriz discal e tem mostrado resultados promissores quando aplicado nos estágios iniciais de degeneração discal. Infelizmente este procedimento ainda não está disponível do Brasil.

infintração Dor discogênica

Foto: https://www.louisianapain.com/blog/via-disc-is-it-right-for-you-at-louisiana-pain-specialists

👉 Ablação de Nervo Sinuvertebral: Ainda nos casos mais refratários, associados a estágios mais avançados de degeneração discal, surge uma condição associada a dor discogênica chamada dor vertebrogênica.  Nesses casos a arquitetura discal está completamente comprometida, e a dor seria provocada mais pela inflamação dos platôs vertebrais. Neste procedimento uma cânula é posicionada no meio da vértebra, e através de radiofrequencia é esquentada até provocar a lesão do Nervo Sinuvertebral, maior responsável pela inervação dos platôs vertebrais. Infelizmente este procedimento também ainda não está disponível no Brasil.

intracept

Foto: https://utswmed.org/medblog/lower-back-pain-intracept/

👉 Cirurgia: Em casos mais graves, onde os tratamentos conservadores não são eficazes, a cirurgia pode ser considerada. Procedimentos como a discectomia, que remove parte do disco intervertebral danificado, com artrodese ou artroplastia, que substitui o disco degenerado por uma prótese, são opções cirúrgicas recomendadas para pacientes com dor discogênica severa. A cirurgia para dor discogênica costuma ter resultados variáveis, devendo ser uma opção utilizada com muita cautela, devido ao seu índice de falha relativamente elevado.

A dor discogênica pode impactar significativamente a qualidade de vida, mas com o diagnóstico e tratamento corretos, é possível controlar os sintomas e melhorar a funcionalidade da coluna. É importante buscar a orientação de um especialista assim que os sintomas surgirem, para evitar o agravamento da condição. Combinando o tratamento adequado e mudanças no estilo de vida, é possível prevenir complicações e manter a saúde da coluna.

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Dr Carlos Romeu
Carlos Eduardo Romeu - Doctoralia.com.br

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